Imagine um só lugar onde você possa fazer compras, alugar livros, fazer ginástica e trilhas, ver obras de arte, comer, tomar um banho quente e até contratar uma prostituta. Pois assim eram as casas de banho da Roma Antiga. Em pleno século II A.C., os romanos criaram estabelecimentos que concentravam tudo o que a vida social exigia - e de graça. As construções eram enormes e chegavam a abrigar milhares de banhistas.
O ato de banhar-se era visto mais como uma atividade social do que como um ritual de higiene para os romanos. Era nas termas que eles fechavam negócios, falavam de política e fofocavam. Os banhos tinham horários separados para homens e mulheres e eram liberados para escravos.
Segundo Katherine Ashenburg, autora do recém lançado "Passando a limpo - O banho da Roma antiga até hoje", "eles faziam o banho ser parte da vida social, um lugar em que eles passavam algumas horas do dia. Era como nossos clubes, nossos cafés, nossos spas. Eles podiam fechar negócios e contratar uma prostituta no mesmo lugar."
As termas de Dioclécio chegaram a acolher até 3 mil banhistas e tinham 13 hectares. As de Caracala, que hoje são ruinas bem conservadas, tiveram mais de 11 hectares.
Água quente
Os romanos tinham um sistema próprio para esquentar a água e distribuir o calor para as várias salas e piscinas. Chamado hipocausto, o método consistia em uma fornalha que esquentava o ar e o espalhava pelos espaços ocos das paredes e subsolos. As águas eram aquecidas em calderões e espalhadas por bombas e canos de chumbo.
Prostíbulos
Apesar de haver uma lei moral que impedia mulheres de se banharem com homens, não havia nenhuma proibição formal para isso. Não eram poucas as mulheres que preferiam comprometer sua reputação a abrir mão de um prazer dentro das casas de banho.
Em conseqüência, quanto mais as termas entravam na moda, mais escândalos de prostituição e promiscuidade surgiam. Para cortá-los pela raiz, entre os anos 117 e 138, Adriano emitiu um decreto que separou os banhos, reservando horas diferentes para homens e mulheres.
Mas isso não impediu a prostituição dentro das casas. De acordo com Ashenburg, "a prostituição dentro das casas de banho era normal e acredito que eram coisas normais na sociedade romana".
Declínio
Com o fim do império romano e a ascensão do cristianismo, as termas entraram em decadência. A cultura do banho romano desapareceu lentamente e as termas viraram elemento de domínio aristocrático nos séculos VIII e IX. A Idade Média chegou e repudiou tanto a prática dos banhos comunitários como quase qualquer lavagem feita com água. "Foi o período mais sujo da história", explica Ashenburg.
Ao lado, antiga casa de banho preservada na região de Bath, 160 km de Londres, na inglaterra (Foto: Marília Juste/G1)
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